Corpo na Cidade

A Vivência Espontânea do Corpo na Cidade Nossos debates começaram à respeito das reações emocionais e sensoriais oriundas da percepção da escala do corpo humano em confronto à escala do meio urbano. De acordo com o poeta francês Jules Supervielle, "o excesso de espaço sufoca-nos muito mais do que a sua falta"¹, questionamos assim como o corpo reage a falta de respeito presente na vastidão, que reprime qualquer impulso inato do ser humano. Essa repressão também foi identificada em outras características da cidade tais como ritmo, caos, compromissos e inseguranças. A partir disso, abordamos como os espaços públicos estão desestruturados para receber ações espontâneas, seja de atravessamento; permanência ou interação. Portanto, focamos na relação corpo-cidade e corpo-corpo, no qual, a falta de liberdade vai desrespeitosamente oprimindo a psique-corporal e o ímpeto subversivo e reacionário do cidadão. Dessa forma, através de uma intervenção urbana provocativa, levamos o ambiente da praia e sua atmosfera de espontaneidade, segurança e democracia para um ambiente caótico e autoritário, na qual, o homem supriu suas vontades para interpretar seu papel de engrenagem no sistema. Então, tentamos reconstruir a naturalidade respeitando o lado espontâneo do ser. Logo, a intervenção foi executada pelo grupo com materiais acessíveis e empenho físico-financeiro próprios, podendo futuramente ser implantada em diversos locais com a mesma problemática e abrir-se para patrocinadores relacionados ao tema. Primeiramente focamos no atravessamento, no qual encontramos o Sol, sons e o dinamismo da chegada na praia; no momento de permanência trouxemos o clima de introspecção do barulho do mar na “Praiarela” (relação corpo-cidade); finalmente, o contexto descontraído que procurava a interação entre as pessoas na “Praia da Carioca” (relação corpo-corpo). Como resposta, percebemos que os transeuntes não estavam tão receptivos para interagir com o desconhecido. Ademais, as autoridades exigiram o desmonte da intervenção, evidenciando a opressão à manifestação do corpo no espaço público. ¹ SUPERVIELLE, Jules apud BACHELAR, Gaston. A Poética do Espaço 2008

Daniel Diaz, 23, é film-maker e artista. A intervenção trouxe a oportunidade de atuar em um novo cenário, a rua, além de proporcionar aprendizados de natureza sociológica. Participou da etapa final do concurso: na organização, na execução e na produção audiovisual.

Gabrielle Rocha, 24, é arquiteta e urbanista, com interesse e experiência em intervenções urbanas temporárias. A participação neste trabalho, desde os debates teóricos até a concepção e execução da intervenção física, além do auxilio na finalização dos produtos entregues, dará base na possível linha de pesquisa de um futuro mestrado.
Júlia Figueiredo, 24, é arquiteta e se interessa muito pela mobilidade e comportamento das pessoas na cidade. Participou da concepção do projeto e da idealização e execução da intervenção. O concurso permitiu vivenciar um pouco da relação das pessoas com novos objetos inseridos no meio urbano.
Mariana Valente, 24, é arquiteta e cenógrafa. Trouxe para o projeto o olhar cenográfico desde os debates teóricos até o uso de materiais de fácil manuseio tanto para execução quanto para que levassem ao público as sensações propostas para este ser parte da obra assim como a cidade.
Marina Soares, 24, é arquiteta e urbanista com experiência na construção civil trabalhou dois anos com projetos executivos na construtora João Fortes. Participou de outras intervenções e na construção de praças na PUC-Rio.
Ajudou em todas etapas do concurso, principalmente da logística e organização, concepção do produto e produção textual.
Talita do Nascimento Rodrigues, 25, formada em arquitetura e urbanismo trabalhou com projeto de interiores e de meio ambiente. Este concurso foi a primeira experiência com intervenções, onde participou da elaboração e execução do projeto. Ampliou, assim, seu campo de interesse de estudos nas relações das pessoas com a cidade.