Mantenha o respeito: grafites e diálogos

Nas décadas de regime de segregação desumana de etnias, a África do Sul viveu o chamado Apartheid, termo em africâner que significa desigualdade. No contexto brasileiro, o apartheid surgiu no sistema escravocrata e, atualmente, a segregação se manifesta em desigualdades de todos os tipos. Tal como na África do Sul, os segregados têm muita dificuldade em usufruir de transporte, moradia, parques, assistência médica ou social, dispositivos culturais, entre regiões centrais e periféricas da cidade. A realidade da baixada fluminense e da zona oeste, bem como a maioria pobre do país inteiro, demonstram bem esse “apartheid”. Nesse contexto, muitas pessoas e seus potenciais criativos ficam invisíveis por essa exclusão sistêmica e não por falta de competências para serem reconhecidas. É uma atitude de extremo desrespeito.

Estimular questões experimentadas no Rio de Janeiro com temas de direitos humanos, a intervenção com grafite é aplicável em qualquer localidade. É possível estabelecer parcerias para a execução do projeto ou realizá-lo com patrocínio. A transformação acerca das ações do Estado e das relações íntimas, se darão com o empoderamento. Criar atividades vinculadas aos circuitos de grafite com instituições culturais e universidades torna o projeto autossuficiente e com o seminário documentado para sucessivos estudos.

Com o circuito de grafites em temas ligados ao respeito e ao reconhecimento provoca-se a reflexão nos transeuntes constantemente vista que o grafite fica exposto em longa duração. O seminário leva a reflexão para o meio acadêmico, intelectual e político do estado, possibilitando ampliar o diálogo para direitos humanos e temas correlatos. Esperamos estimular a percepção da importância do respeito e do reconhecimento interpessoal, entre distintos “tipos de pessoas” para o desenvolvimento local; esperamos também gerar visibilidade para a criatividade dos artistas da favela para que eles possam ser percebidos também por seus talentos, além da imagem estereotipada.

Camila Cardoso - Minha trajetória compreende que o profissional perpassa por locais que independem de sua classe. Atuei na realização do planejamento do Museu da Maré, o primeiro museu de favela do mundo; na produção de uma exposição sobre art nouveau e cobri a redação da Art Rio, uma feira internacional de arte.

Luciano maia - um ser inquieto e empreendedor, comprometido com a Cultura de Paz. Desenvolvo esses temas como professor assistente; em projetos de pesquisa e culturais; como mediador de judicial e desenvolvendo a ligação entre natureza e urbanidade por meio de projetos interdisciplinares. Graduado em direito, mestre em direito e arte.

Vanessa Batista Berner – Professora Dra. Da Faculdade Nacional de Direito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ministra a disciplina de direito constitucional na graduação. No programa de pós-graduação é professora da disciplina de direito e arte. Coordena o Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ (LADIH).