#O que será?

A condição de desrespeito que identificamos como a mais nociva no Rio de Janeiro é a falta de empatia com a realidade do próximo e suas consequências diretas e indiretas. Historicamente as elites dominantes subjugam os demais moradores e os oprime com olhares, palavras e agressões físicas que acabam por ficar impunes, causando nesses um sentimento de não pertencimento à cidade e subsequentemente limitando seus direito de ir e vir e fruição de seus espaços públicos. De que adianta lidarmos com o sentimento de rejeição desses sem provocar quaisquer reflexões nos agressores? Nossas intervenções possuem os únicos propósitos de causar incômodo e aproximação através de instalações e performances em zonas de conforto e lazer públicos privilegiados da cidade, despertando sensações semelhantes à de realidades que se tentam ocultar como as sensações de violência e impunidade, desrespeito, invisibilidade e descaso (exemplos nas imagens) e, juntamente com a pergunta: "O que será?" acompanhando as instalações, acreditamos que despertaríamos curiosidade necessária para gerar acessos à uma plataforma online com "#" em apoio às ações de rua, as quais conteriam relatos, fotos e discussões protagonizadas pelos que vivenciam essa realidade ignorada. O objetivo de provocar essa aproximação de sensações, ainda que em níveis homeopáticos, é gerar reflexões necessárias sobre a naturalização de atos absurdos como revistas à ônibus, tiroteios e sensação constante de medo e insegurança, sofridos pelos descriminalizados que são inaceitáveis e contraditórias numa cidade. A partir da criação de empatia, aliado ao conhecimento crú dessa realidade oculta, olhares discriminatórios e conformações se cessariam gradualmente e, a sensação de pertencimento à cidade, aumentariam em todos juntamente com a vigia dos próprios atos por parte dos opressores. Somente sem discriminação, os direitos de todos os cidadãos quanto ao uso da cidade estariam assegurados igualmente do ponto de vista das relações interpessoais e sociais.

Camila Taboa - Estudante de Arquitetura e Urbanismo. Estou sempre questionando o meu papel como ser humano dentro da comunidade e o meu papel como futura urbanista dentro da cidade, visando identificar problemáticas contraditórias e injustas, buscando uma forma de extingui-las ou ao menos, amenizá-las, e vi nesse edital uma oportunidade única.

Juan Romar - Estudante de figurino. Acredito na arte de rua como arma contra o individualismo e a segregação tão presentes na cidade, se contrapondo a uma forma de arte elitista, fortalecendo a criação de trabalhos e artistas engajados como o bem estar comum . Vejo nesse edital uma forma de concretizar ideais.

Vinícius Gerheim - Artista mineiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Destaca participação na exposição “Arqueologia do Desejo”, processo de composição que individualmente posa, fotografa, manipula e por fim concretizada em linguagem pictórica, tem como pesquisa a potência da imagem figurativa onde encara o gesto como índice. Colaborador com instalações pro projeto.

Negra Rê - MC, compositora, musicista, dreadmaker, poetiza, agente cultural na ONG Abides Cultural Saciarará, militante das causas extremamente necessárias para a evolução humana. Apoiadora e colaboradora com ações e performances pro projeto.