Meu céu

Esta instalação responde à circunstância de exclusão espacial de parte da população como representações físicas de todas as desigualdades presentes: econômica, social, educacional, de status e todas as outras.

A indisponibilidade de muitos dos espaços por meio do acesso negado cria e ilustra relações entre vários grupos sociais no âmbito urbano. Muros, cercas, portões, linhas e placas de proibição formam uma paisagem urbana que comunica desigualdade e desrespeito.

A obra de arte "Meu céu" reage à condição apontada. A instalação consiste em (metade) bandeirinhas triangulares de festa e (metade) arame farpado, pendurados entre os dois lados das ruas, idealmente uma rica e outra desfavorecida. A divisão e a diferença entre "vizinhos" é reproduzida no caráter e no significado opostos de bandeirinhas e arame farpado. O que um celebra, o outro não pode alcançar. A instalação/intervenção espacial pode ter quantas linhas sejam viáveis para o local escolhido e ser tão longa e alta quanto a estrutura de apoio permite. De acordo com o local, a instalação deve ser ajustada para ser proporcional quando observada e para formar um espaço próprio e reconhecível abaixo. O tamanho, tanto do local quanto da intervenção, estão sujeitos à sugestões dos organizadores. Pode ser pendurada em postes, janelas, varandas, etc.

Envolver cidadãos locais e conscientizar as pessoas de que vivenciamos as mesmas coisas de forma diferente (e vice-versa) cria a oportunidade para começar um diálogo, entender lados "opostos" e ter mais respeito pelos outros cidadãos. Este trabalho desafia nossa noção de respeito e as complexas relações entre as pessoas enquanto indivíduos e grupos. Oferece uma nova forma de ver certos objetos e a importância que eles têm. Os sinais visuais (dentro da cidade) costumam passar despercebidos. Somos ensinados a compreender suas orientações sem questionar suas verdadeiras intenções, as mensagens por trás deles e influências que exercem sobre o nosso comportamento e sobre a forma como percebemos e "usamos" nossas cidades. A cidade não é a mesma para todos e esta intervenção aborda e enfatiza essa condição.

Miljena Vučković trabalha ativamente nos campos da direção de arte, das instalações e da ativação do patrimônio construídos por meio da organização Scenatoria. Seu foco principal é a percepção e a "apresentação" do espaço, sua inconstância e seus limites. Recentemente, seus interesses passaram a incluir a luz e como ela define, influencia e enriquece o espaço.