Travessias

Os túneis da região central da cidade favorecem a mobilidade do automóvel, mas não o pedestre e o ciclista. A falta de respeito acontece pelas condições inóspitas de mobilidade, como a extrema poluição do ar e sonora, a má iluminação e a consequente insegurança. O túnel João Ricardo – primeiro túnel urbano do Rio de Janeiro, tem péssimas condições de travessia de pedestres e ciclistas; e o Martins de Sá, que atravessa o bairro de Santa Teresa, possui condições mais favoráveis ao pedestre, porém inadequadas ao ciclista. A intenção é sensibilizar pedestres, ciclistas e motoristas, através de linguagens artísticas, conectando as pessoas e ressignificando estes locais. No Túnel João Ricardo, o tema é “solidariedade e memória”. Atores estarão nas extremidades do túnel, estimulando a cooperação e a segurança entre os pedestres, distribuindo capacetes com luz e os convidando para andarem juntos. No percurso, serão expostas fotos históricas da construção do túnel e do contexto social do Morro da Providência. No Túnel Martins de Sá, o tema é “desejos e sentidos”. Tendo em vista que Santa Teresa é muito vinculada às artes visuais, será realizada uma passagem sensorial e interativa, inspirada na obra de Hélio Oiticica. Haverá uma tela ao longo do túnel, na qual o pedestre poderá escrever/desenhar seus desejos para os bairros do entorno. Paralelamente, instalaremos um sistema didático de exaustor e filtro para ilustrar e avaliar as condições atmosféricas. As campanhas lúdicas e de baixo custo podem ser replicadas para alertar a população e as autoridades sobre a necessidade de travessias que respeitem o pedestre e o ciclista. A longo prazo, sugerimos que as calçadas sejam iluminadas e protegidas acusticamente. No João Ricardo, sugerimos passagens exclusivas a pedestres e ciclistas. No Martins de Sá, sugerimos a ciclovia reversível nos horários de menor trânsito de veículos.

Daniela Piveta
Bacharelado em Artes Cênicas (UNIRIO-2002), Educação Artística com habilitação em artes cênicas (UNIRIO-2004), Especialização em Arteterapia na saúde e na educação (UNIRIO, 2006), Pós-Graduação em Teoria e Prática Junuiana (UVA-2008). Atua há mais de 10 anos pesquisando a linguagem do palhaço, atuando em espaços convencionais e públicos.

Raquel Bento
Engenheira Eletricista (PUC-Rio-2005) e mestre em Engenharia Ambiental (UERJ-2011). Trabalha há 10 anos como analista ambiental nas esferas públicas estadual e municipal. Experiência em gestão ambiental na área de resíduos sólidos urbanos. Trabalha com a elaboração de procedimentos e guias de referência para o licenciamento ambiental nos municípios.

Violeta Vilas Boas
Arquiteta e Urbanista (UFF-2008), Mestre em Urbanismo (UFRJ-2013) e doutoranda em Urbanismo na Università IUAV di Venezia, desenvolve, há 10 anos, a pesquisa sobre ações artísticas nos espaços públicos e o engajamento social nas cidades. Cenógrafa e designer, trabalha, sobretudo, com projetos para performances, teatro e circo de rua.