Memorial das Remoções no Porto
O Porto do Rio de Janeiro é palco de um grande projeto de revitalização com o objetivo de torná-lo o principal ícone do “Rio de Janeiro Olímpico”. Novos museus são erguidos e espaços públicos são promovidos na tentativa de atrair um público seleto enquanto as comunidades sofrem com a expulsão que ocorre direta ou indiretamente. Não é de hoje que a região protagoniza eventos importantes ou passa por transformações significativas com remoções e desapropriações. As remoções configuram um profundo desrespeito com as populações que ali se estabeleceram em prol do “embelezamento” da cidade, principalmente com os mais pobres. Identificamos como desrespeito a violação ao direito de posse e à informação, as propostas inadequadas de reassentamento e de indenização, a falta de aviso prévio adequado. As agressões, intimidações e demolições das casas antes da definição de um reassentamento definitivo. Nesse contexto, a proposta é a instalação de memoriais das remoções em pontos estratégicos do Porto. Contêineres, que remetem às atividades portuárias vão contar a história de quem não teve voz até hoje, sendo ícones de resistência nos espaços consolidados. A estrutura dos contêineres é resistente e prática, não exige manutenção constante e apresenta um baixo custo de instalação e a possibilidade de ser removido. A ideia é usar um elemento que seja representativo para a região para preservação da memória e resgate da história que não é contada, assim, terá uma exposição multimídia abordando as remoções. Os memoriais vão trazer à luz o conhecimento do enorme desrespeito que tem ocorrido na região ao longo dos anos. É importante denunciar o sofrimento das remoções, quem é responsável e quem sofre com as transformações promovidas nas cidades para aumentar a voz das comunidades afetadas, para conscientizar a população como um todo e pressionar os governos a investirem em projetos mais responsáveis.
Danielle Alves:
Me chamo Danielle, estudo Arquitetura e Urbanismo. Nascida e criada no Rio de Janeiro, acompanhei de perto as mudanças dessa cidade. Mais recentemente os abusos sofridos pela população trabalhadora da zona portuária mediante remoções. Logo, o concurso é uma oportunidade de fazer jus a memória desse triste e recorrente acontecimento.
Caroline Masseli:
Sou Caroline, mineira e estudante de Arquitetura e Urbanismo na UFF. Nessa graduação conheci a cidade do Rio por outra perspectiva e uma questão começou a pesar: cidade maravilhosa para quem? Este concurso possibilitou trazer essa reflexão ao tratarmos das remoções, um assunto atual e presente na história carioca.
Julliana Nascimento:
Sou Julliana, estudante de arquitetura e urbanismo e disciplinada a ter uma visão mais crítica da cidade e tudo que acontece nela. E o desenvolvimento desse trabalho veio como uma forma de contestar os abusos sofridos pela população carioca e contar as histórias que foram abafadas na poeira das remoções.
Juliana Amorim:
Estudo Arquitetura, me chamo Juliana e há algum tempo percebo as grandes desigualdades presentes nas cidades. Estudando a região portuária e a história do Rio de Janeiro, não posso me calar diante das grandes condições de desrespeito que movem as cidades. O concurso é a oportunidade de denunciar esses absurdos.