Pequenos gestos/Little Gestures
Qual o custo de uma pequena ajuda? E quais são os benefícios?
O Rio de Janeiro, como o Brasil de um modo geral, não tem uma política de inclusão eficaz para cidadãos que estão passando por uma experiência de desabrigo, preconceito e/ou abandono. O projeto Pequenos Gestos/Little Gestures que começou através de uma experiência que tive semana passada (inspirado pela iniciativa do Designing Respect), na Av. Nossa Senhora de Copacabana, ao ser abordado por uma vendedora ambulante com três crianças, e que me fez pensar que pequenas atitudes podem trazer mudanças significativas, não somente no outro, mas também em nós. O objetivo principal desse projeto é difundir a idéia, de que, precisamos deixar de ignorar as necessidades de quem se encontra nas ruas, substituindo o 'olhar invisível' comum no dia a dia, com o olhar humano e 'gentil' para com aquele que enfrenta dificuldades, pois acredito que, um gesto amigo, mais do que qualquer tipo de ajuda material, pode ajudar a restaurar a dignidade e cidadania do outro, ao mesmo tempo em que ajuda a restaurar a nossa própria cidadania e dignidade. Ao ser abordado pela vendedora, inicialmente eu recusei em comprar os mentos, mas voltei pensando nas três crianças, e uma boa surpresa aconteceu, quando ganhei espontaneamente um abraço e um beijo sincero de cada uma delas, fato que me trouxe muita alegria, e ajudou a restaurar o meu próprio senso de cidadania e humanidade. Penso que, se cada cidadão passasse a conhecer os moradores de rua de seu bairro (ou de bairros vizinhos) ouvindo as necessidades de pelo menos um deles, poderíamos construir uma cidade, e um país melhor. O projeto se estende aos animais e ao meio ambiente, por exemplo, vi um animal abandonado, posso auxiliar com alimento e/ou água, e posso também, entrar em contato com uma ONG que ampara animais, vi lixo em uma praia, posso ajudar a recolher o lixo; o projeto estará sempre aberto a críticas e/ou sugestões, e quer se estender além do Brasil. Todo pequeno gesto nosso, conta, independente de onde estivermos. Fiz trabalho voluntário na Austrália durante anos, como ainda faço no Brasil, e minha idéia é justamente essa, levar e espalhar essa idéia, para que possamos ser no futuro, 'cidadãos e turistas de pequenos grandes gestos', e para que possamos estar cada vez mais conscientes, de que, cada lugar, ou país, que viermos a visitar, estará enfrentando algum tipo de dificuldade e/ou necessidade, e que podemos oferecer algum tipo de ajuda. Uma página no Facebook está sendo criada por mim no momento que leva o nome do projeto, e minha intenção é catalogar imagens de pessoas as quais fomos úteis de alguma forma, seja ao longo do dia ou da semana; a página estará postando vídeos e imagens originais, dessas pessoas e animais, causas e projetos em que tivermos tido algum tipo de participação, podendo ter também depoimentos daqueles que foram beneficiados, e isso vale para quem ajuda também. A foto principal, que representa o meu projeto, mostra eu com as crianças e mães que tive o prazer de conhecer, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil.
Glauber Luz - Nascido no Brasil, me mudei para a Austrália em 2002 e me tornei um cidadão australiano em 2007, tendo vivido em Londres, Reino Unido antes de migrar para a Austrália. Sou formado em Comunicação Social/Jornalismo e Cultural Studies/Estudos Culturais com Honours Degree pela Southern Cross University, em Lismore, NSW, Austrália. Minha tese/Honours Degree foi sobre a representação das favelas brasileiras no cinema brasileiro contemporâneo. Estou atualmente no Brasil fazendo um documentário de baixo orçamento sobre desigualdade racial, e um documentário de curta-metragem sobre um abrigo para indivíduos LGBT que se encontram desabrigados. Ano passado, finalizei um curso de pós-graduação em História e Cultura Afro-brasileira e Africana pela Universidade Federal de Goiás, Brasil. Cinema e fotografia são duas grandes paixões. Eu sou também muito apaixonado pela vida, pelas pessoas, animais e natureza, principalmente, por grupos minoritários; e tenho um grande interesse em questões sociais/raciais, e de género, no Brasil, Austrália, assim como no mundo.