Circuito Futurístico e Especulativo do Desrespeito da Herança Africana, do Esquecimento Urbano e do Apodrecimento da Sociedade
O Rio de Janeiro, em particular o perímetro do Porto do Rio definido pela Operação Urbana Porto Maravilha, esta passando por um intenso processo de transformação urbana. Segundo alguns representam-se o alcance de um “patamar global” feito de modernidade e desenvolvimento (leia-se acesso ao consumo e melhoria dos indexes de produção) por outros o esquecimento e a negação. Analisando o processo de gentrificação como um processo visual capaz de encher a paisagem de significados simbólicos a abertura do MAR, com os seus muros transparentes que separam o museu da rua, assim como o candor do Museu do Amanha e da praça que o abriga, tornam clara a existência de um conflito de classe (e raça) em relação ao pertencimento e à legitimidade na ocupação do território do Porto. Equipamentos culturais tornam-se engrenagem necessário ao funcionamento da "fabrica cultural" do turismo, satisfazendo clássicas estratégias de regeneração urbana. O interesse no desaparecimento de um passado sombroso atende à venda de um produto (a cidade) apresentado como um espetáculo de enorme positividade, indiscutível e intocável (Debord:1992). Baseado no Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana desenhado pela Prefeitura, o Circuito Futurístico e Especulativo do Desrespeito da Herança Africana, do Esquecimento Urbano e do Apodrecimento da Sociedade nos levará, a partir da hiper-celebrada Praça Maua, a outros lugares esquecidos pela Prefeitura: a ex-ocupação Zumbi dos Palmares; o galpão Ação Cidadania; o Jardim do Valongo e o Galpão da Gamboa. Em cada estação convidados ajudarão no resgate deste esquecimentos. A intenção é por um momento dar visibilidade à historia e identidade do local e ao desrespeito que caracteriza o cotidiano da vidas das pessoas locais. Devido à natureza desrespeitosa da revitalização da cidade do Rio de Janeiro, este modelo poderá ser facilmente reproduzido em outras áreas.
Laura Burocco (Biella, 1974) Formada em Direito pela Universidade de Milão, especialização em Políticas Internacionais pela Universidade de Roma, pós-graduação em Sociologia Urbana pela UERJ, Master em planificação urbana pela WITS, Johannesburg. Desenvolve um projeto entre Sul África, Itália e Brasil chamado "Trilogia da Gentrificação." Doutoranda pela ECO/UFRJ. Área de pesquisa: desenvolvimento urbano, criatividade e vigilância, intervenções políticas em arte publica. || Eu, Laura Burocco, curadora, me comprometo a participar do projeto “Circuito Futurístico do Desrespeito da Herança Africana, do Esquecimento Urbano e do Apodrecimento da Sociedade”.
Pedro Victor Brandão (*1985, Rio de Janeiro). É autor e artista visual formado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade Estácio de Sá. Desenvolve séries de trabalhos considerando diferentes paisagens políticas em pesquisas sobre economia, direito à cidade, cibernética social e a atual natureza manipulável da imagem técnica. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. || Eu, Pedro Victor Brandão, artista, me comprometo a participar do projeto “Circuito Futurístico do Desrespeito da Herança Africana, do Esquecimento Urbano e do Apodrecimento da Sociedade”.