RESPEITO E VISIBILIDADE: O CAJU POR TRÁS DO CEMITÉRIO
O Caju, berço da cidade do Rio de Janeiro, é composto por uma série de pontos históricos hoje completamente degradados. O descaso público torna esse bairro de baixo poder aquisitivo um local sem equidade de direitos, em contraste com outras áreas da metrópole: alta taxa de violência, tráfico de drogas, baixa mobilidade urbana, poluição, degradação arquitetônica e urbanística, entre outros. A partir de uma pesquisa com moradores e trabalhadores locais na praça central da Quinta do Caju, um grupo de alunos do projeto sociocultural Passageiro do Futuro reforçou a necessidade de reflexão desses sujeitos sobre suas situações de vida e levantou como principal questão de desrespeito que assola a área a falta de visibilidade e o desconhecimento do bairro pelos cariocas. A proeminência do complexo de cemitérios que hoje esconde em seus fundos uma área composta por sete comunidades estimulou a criação do projeto de uma instalação móvel intitulada RESPEITO E VISIBILIDADE: O CAJU POR TRÁS DO CEMITÉRIO. Uma estrutura composta por seis salas que contrastam aspectos atuais do bairro e seus percursos históricos a ser montada em diferentes praças da cidade. Demandando baixo orçamento, já que a estrutura é construída com materiais de reuso, o espaço, com cerca de 64m² e estruturado em placas de MDF, utiliza recursos audiovisuais, artes plásticas, textos e debates com os jovens moradores do Caju, proponentes deste projeto, para veicular a situação atual do bairro. Mobiliza-se os transeuntes a adentrarem os portões do cemitério São Francisco Xavier para descobrirem locais do Caju esquecidos pelo tempo, como a Casa de Banho D. João VI, o Hospital de Infectologia São Sebastião e a Praia do Caju, e saírem com uma nova perspectiva da cidade. Assim, estimulam-se órgãos públicos e cidadãos a perceberem com mais propriedade a situação do bairro, tornando-o visível e, por consequência, mais respeitado.
O Projeto Sociocultural Passageiro do Futuro 19ª edição realiza oficinas de teatro e montagem de espetáculos em comunidades do Rio de Janeiro há 15 anos. Com integrantes entre 15 e 22 anos, está em seu segundo ano consecutivo no bairro do Caju. Site: http://novabossa.com.br/
Alexsandro Lima da Silva, 18 anos, morador do Caju, pretende graduar-se em Ciências da Computação. Interessado por criação artística, trabalha com gravação de vídeos para o YouTube, no qual possui o canal “Fala Lek”. Participa dos cursos do projeto Passageiro do Futuro e realizou a projeção virtual da instalação.
Daniel Pereira Silva, 22 anos, mora no Caju e estuda administração no Colégio Pedro II do Centro. Participante dos cursos de teatro do Projeto Passageiro do Futuro, realiza pesquisas históricas sobre o bairro.
José Henrique Fernandes, 17 anos, trabalha como freelancer na área de produção audiovisual e artes plásticas, e foi responsável pela elaboração da planta baixa desta instalação. Está finalizando o ensino médio e é participante das oficinas de teatro do projeto Passageiro do Futuro.
Lidiane Trindade da Silva, 17 anos. É nordestina, mas mora no Caju há aproximadamente 5 anos. Cursa o ensino médio e integra o projeto Passageiro do Futuro. Pretende cursar faculdade de Cinema, especializando-se em direção, e realizou registros fotográficos do bairro.
Mycaella Fernanda Batista Peixoto, 18 anos, moradora do Caju e uma das idealizadoras da instalação, cursa Farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e interessa-se bastante pela área de artes, em especial teatro. Participa de diversas oficinas de teatro do projeto Passageiro do Futuro no ano de 2016.