Skate Plaza Pontilhão
O Rio de Janeiro é uma cidade altamente fragmentada socialmente, cujas favelas são ilhas desrespeitadas pelo governo e pela sociedade em geral. Mais de 130.000 pessoas — entre os 1.5 milhões de moradores de favelas — moram na Maré, um dos maiores complexos de favelas do Rio. Exclusão social, estigmatização e abusos diários de direitos humanos pela polícia, grupos armados e militares são formas de desrespeito que os moradores da Maré sofrem constantemente. Devido a esse abuso, a baixa autoestima está arraigada na mentalidade de muitos moradores e eles são impedidos de conhecer seus direitos como cidadãos. Para muitos jovens que crescem em um contexto tão desumanizador, é difícil atingir todo o seu potencial.
Mas, com intervenções simples, os jovens podem ser incentivados a acreditar em si mesmos e em suas habilidades. O Coletivo Skate Maré, um coletivo comunitário de skate, propõe construir uma "praça de skate" no Pontilhão, o espaço embaixo do viaduto da Linha Amarela que separa a Baixa do Sapateiro e o Morro do Timbau da Vila do Pinheiro. Nos últimos seis anos, o coletivo tem usado o Pontilhão para apoiar a prática de skate na comunidade, dando inclusive aulas semanais gratuitas para 20 a 40 jovens, no campo de futebol e na mini rampa do Pontilhão. O coletivo também ajuda a ocupar esse espaço com eventos musicais e de arte urbana, fazendo do Pontilhão um espaço socializado e neutro, onde skatistas e não-skatistas de todas as idades de diferentes favelas se encontram e fazem amizades, atravessando as barreiras impostas pelas facções criminosas. O skate promove uma sensação de pertencimento e dignidade. Uma praça de skate fortaleceria o Pontilhão como espaço de respeito, permitindo que jovens possam aproveitar esse espaço de forma construtiva permanentemente. De acordo com Jean, um aluno de skate de 18 anos: "Desde que comecei a andar de skate quatro anos atrás, passei a amar o Pontilhão. É onde construí amizades e me senti livre para ser eu mesmo."
Inés Alvarez-Gortari é geógrafa urbana com mestrado pela London School of Economics e mora no Rio. Trabalha com políticas públicas na organização independente Casa Fluminense e é parte do Coletivo Maré Skate, onde é voluntária e está aprendendo a andar de skate.
Daniel Ribeiro Moraes é morador da Maré e membro fundador do Coletivo Skate Maré. Gerencia a Maré Skate Shop, uma loja independente de skate dentro da favela que vende equipamentos para a comunidade. Organiza voluntariamente as aulas gratuitas do Coletivo Skate Maré todos os sábados pela manhã no Pontilhão.
Lucas Ribeiro vive na Maré e é membro fundador do Coletivo Skate Maré. Conseguiu financiamento local para um projeto chamado Skate sem Fronteiras, projetado para reunir meninas e meninos da Maré através do skate. Lucas é um fotógrafo habilidoso e também promove eventos culturais no Pontilhão.
Nicole Tischler é mestranda em Arquitetura na University of British Columbia e é formada em design gráfico pela Lawrence Tech. Tem experiência profissional como designer gráfica, coordenadora de mídias sociais, técnica de laser e artesã de couro. Nicole gosta de serifa clássica, cortadores a laser e a escala urbana.
Adam Yang tem mestrado em Urbanização e Desenvolvimento pela London School of Economics. Atualmente, é aluno de pós-graduação e assistente de pesquisa no Departamento de Sociologia da University of British Columbia, onde pesquisa tópicos em sociologia urbana e cultural.