Vista para ser Visto

Este projeto começou com a minha jornada por diferentes favelas do Rio de Janeiro. Em três meses, junto com meus parceiros de projeto, conduzimos oficinas de caligrafia com crianças. Tive a oportunidade de descobrir que as pessoas não têm direitos básicos enquanto moradores, como o direito à propriedade, acesso à assistência médica pública, etc.

Por meio das nossas atividades, abrimos um diálogo e começamos com o direito básico: respeito uns aos outros. Esses pequenos passos podem avançar para os passos maiores.

Não é apenas desrespeito às pessoas que moram na favela, há também desrespeito entre os moradores da favela e não apenas uns aos outros, mas também a si mesmos. Eles não se respeitam porque não são respeitados pelos outros e não conhecem seus direitos básicos. O projeto, então, tenta conscientizá-los de seus direitos e construir o respeito uns aos outros.

Este projeto de troca de habilidades envolve uma oficina de caligrafia que é especialmente voltada para crianças de favelas e também jovens/adultos que tenham dificuldade para escrever. A ideia é associar uma atividade lúdica e artística com uma prática de alfabetização, levando os alunos a desenhar letras, palavras e frases nos tecidos (de segunda mão, doados). A oficina também pretende abrir um debate sobre questões de direitos humanos e suas violações frequentes nas áreas onde esses alunos vivem. Assim, eles são incentivados a aprender como caligrafar palavras e frases de sua escolhas sobre esse tema. A segunda parte do projeto é focada na costura. Junto com uma costureira da favela (Edina Rosa), vamos fazer roupas (camisetas) com os tecidos pintados na primeira seção de oficinas.

Durante as oficinas, os participantes têm a chance de trocar experiências, conhecimentos e habilidades. Esses encontros são uma oportunidade para falar e escrever sobre seus sonhos e medos e também para aprender técnicas básicas de costura.

Aquilo que for escrito nos tecidos (e que foi aprendido com os Direitos Humanos Internacionais – existem 30 deles) pode conscientizar e apontar a importância do trabalho coletivo e estimular as atividades dos moradores internacionais da favela.

Alfa Omegi ( www.alfaomegi.com ) é gerido por Alicja Wysocka. O projeto é voltado para o trabalho coletivo com artesanato com pessoas de bairros pobres ao redor do mundo. Projetos anteriores foram realizados no Quênia, nas favelas Mathare, onde 60 pares de sapatos foram produzidos em conjunto com sapateiros locais e vendidos para apoiar a educação de crianças da favela.