Dobrar vento e papel nº.1 – Mangueira

Mangueira consiste em uma intervenção vídeo-performática na Favela do Metrô localizada na Mangueira, a qual abriga pessoas que, ainda após as remoções do Metrô-Mangueira, habitam uma paisagem negada por um plano de apagamento da vida e lazer do pobre e do corpo negro. Nossa intervenção será um gesto frente às mudanças reais que se quer para a vida dos moradores da Favela do Metrô, para tanto serão realizadas três projeções concomitantes da ação de lançar, em um terreno desabitado do lugar, a matéria ao vento (como exemplificado no fragmento enviado ao projeto) propondo um percurso cinemático que fará da Favela do Metrô a evidência de um lugar habitado por pessoas que desejam respeito na convivência urbana. As três projeções irão percorrer o muro da Favela do Metro, e estarão em paralelo, separadas por vãos de casas em desmoronamento. Assim se visualizará o mesmo filme, no entanto com tempo diferente em cada projeção, do percurso da passagem do papel entre as mãos que se tocam em uma tentativa de reconhecimento do outro e do terreno. As projeções terão medidas de 3m x 2,24m cada uma, tendo um raio de distância de 6m até a Radial Oeste. Para o projeto Dobrar vento e papel nº.1 – Mangueira desejamos o exercício de igualdade do corpo com o mundo, contra a subserviência no encontro e favorável aos diálogos nos quais as matérias se modulam pelo compartilhamento de experiências e lugares a serem habitáveis no agora. O projeto é tentativa de criar diálogo e ações - através dos planos da matéria maleável, que em cena atravessa de uma tela a outra -, mesmo com as distâncias, entre aqueles que acordam com sua casa contornada de ruínas, num estado constante de policiamento e aqueles que olham de passagem pela Radial Oeste.

Daniel santiso é aluno de audiovisual na UFRJ, organizador e produtor no Cinerama Cineclube, estudante de Práticas Artísticas na EAV Parque Lage e educador no Museu de Arte do Rio.

Lorran Dias é graduando de Audiovisual na Escola de Comunicação da UFRJ. Curador, produtor e exibidor das sessões do Cinerama Cineclube e realizador Audiovisual independente, com experiência em equipes de Produção e Direção em coletivos anarquistas como Anarca Filmes.

Max William Morais é graduando em Artes Visuais Licenciatura na UERJ e bolsista do programa CNPq orientado por Leila Danziger. Atualmente, trabalha como Educador no Museu de Arte do Rio.